segunda-feira, 22 de junho de 2009

VERSÍCULOS AO ACASO (III)

N. Talapaxi S.

O passado move-se

Atraves do presente

E funde-se no futuro

A espera da gente

terça-feira, 9 de junho de 2009


SOBREVIVENTE

N. Talapaxi S.






Vejo a fome que mata o mato

A sede que mata a rio;

Vejo o mar que afoga a praia,

O calor que racha o frio

Vejo a cova que se abre no céu

Sepulcro do que morre na terra

Vejo o Sermão da Montanha calado

Onde soam os gritos da guerra


E eu ainda sobrevivo


Mas morro pouco a pouco



Vejo a vida que se envenena


Com a justiça em recesso


Vejo o caminho da benevolência


Com a seta no sentido inverso


Vejo o sangue verde se vertendo


Na lareira das vaidades


Vejo o sopro que se vai na água


No dilúvio que devasta cidades



Mas eu ainda sobrevivo


E morro pouco a pouco



Vejo a vida não valendo nada


Desde o fratricídio de Caim


Vejo, páro mas não sei o que pensar


Se foi só o começo do fim


Vejo todos se devorando uns aos outros


Onde o princípio do amor se anula;


Vejo a luz do cenáculo se apagando


E a ceia acontecendo no breu da gula



E eu ainda sobrevivo


Mas morro pouco a pouco