VERSÍCULOS AO ACASO (III)
N. Talapaxi S.
O passado move-se
Atraves do presente
E funde-se no futuro
A espera da gente
Se de poeta e louco todo o mundo tem um pouco, eis a minha poesia e a minha loucura.
E eu ainda sobrevivo
Mas morro pouco a pouco
Vejo a vida que se envenena
Com a justiça em recesso
Vejo o caminho da benevolência
Com a seta no sentido inverso
Vejo o sangue verde se vertendo
Na lareira das vaidades
Vejo o sopro que se vai na água
No dilúvio que devasta cidades
Mas eu ainda sobrevivo
E morro pouco a pouco
Vejo a vida não valendo nada
Desde o fratricídio de Caim
Vejo, páro mas não sei o que pensar
Se foi só o começo do fim
Vejo todos se devorando uns aos outros
Onde o princípio do amor se anula;
Vejo a luz do cenáculo se apagando
E a ceia acontecendo no breu da gula
E eu ainda sobrevivo
Mas morro pouco a pouco