domingo, 26 de julho de 2009

PENÚRIA
N. Talapaxi S.

"Kadi zula itelamena zula,
kintinu ye kintinu: mukala
mvengele ya nzakama za ntoto
o mwaka-mwaka. Muna wokela
kwa umpumbulu, o zola
kwa wantu ayingi kuvola"
Matai 24:7-12
(Mateus)



Vida ancorada a sobejos
Quem nem sempre sobram
De alguma mesa abastada
Mas lá se fica
Lançado à sorte;
Sentinela no trono da miséria!


Eis o homem
A quem o destino assentou nos antros
Entre cabanas e picadas,
Arranha-céus e auto estradas,
No desalento
De não ver aflorar na existência
Um só ramo de esperança!


Eis a mulher
Que deteriora a duçura das suas belezas
Na penúria da sobrevida
Ofertando as suas entranhas
Ao prazer de outros infelizes
No horizonte de ter um pão!


Eis uma criança,
Uma grosa, um milhar, um milhão...
Sem um sonho pra sonhar;
Coração mendigo
Acalentado por algumas esmolas
Sob o instinto de - pelo menos,
Não perder o sopro!


É a humanidade!
Eis a humanidade
No cortejo fúnebre do amor
Rendendo continências a escória
E vangloriando-se mais
E demais
Pelos louros das ciências e tecnologias
Da nossa Era internética!