quinta-feira, 26 de agosto de 2010

SONHO DE KIANDA


                                  N. Talapaxi S.





Veio das bualas

De um musseque desprezado



Desceu do candongueiro

Protestou contra o cargueiro

Desvendou um trapo

Espantou a poeira

Lustrou os pés e os saltos

Recompos-se dos sobressaltos

Ajeitou a seda no manequim

Atendeu o penteado postiço

Cochichou com um pedaço de espelho

Que lhe segredou um conselho

Abriu uma careta de assombro

Fez arte, bocas e olhares

E refez a banga!



Depois

Desceu à baixa de Luanda

E na Marginal se sentiu Kianda



Veio lá das bualas

De um musseque abandonado

E no sonho de Kianda

Se encontrou!





                  Luanda, 09/Junho/2010