terça-feira, 29 de dezembro de 2009

À Bel-prazer!
( N. Talapaxi S.)
Ela chegou assim
Sem salvas nem palmas
E tocou a porta da minha alma;
Adentrou sem badalos,
Fez batuque nesse coração
E aportou-se num canto
Do seu canto ela me olha;
Sem cantar me encanta,
Seu canto está no olhar
E a sua melodia, no compasso
Do balanço dos seus gestos
Ela provoca com os beijos
Que o seu batom desenha e pinta
E o vento se ocupa de trazer;
Provoca com o seu verbo
Meloso, temperado e fervecente
Que traz o vapor dos aromas
Duma magia sem par,
Feitiço das realezas africanas
E sabe conjugar
O poder e o querer
Como os monumentos de ébano
Diante dos seus súditos:
Se ela pode,
Eu me curvo aos seus predicados;
Se ela quer,
Eu me rendo às suas vontades;
E suplico
"Porquê não toma,
Oh, beldade!
Esse trono singelo
No altar do meu sentimento,
E reina enquanto a eternidade
Ainda vivifica esse peito arrebatado
Pelos contornos do teu ser,
E fica?
Chegaste assim
Sem salvas nem palmas;
Adentraste sem badalos
Provocando batucadas em mim
E agora
Porque não te assentas sem cerimônia
E fique à bel-prazer?!

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